Mesmo com reabertura, consumo em restaurantes é 26,5% menor

Fonte: O Globo
19/10/2020
Coronavírus

Apesar da reabertura do comércio em grande parte do país, os restaurantes seguem com resultado bem abaixo do registrado antes da pandemia. Em agosto, o consumo nos estabelecimentos desse segmento ficou um quarto menor (-26,5%) do que em igual mês de 2019, segundo dados apurados em pesquisa de Alelo e Fipe.

A queda vem mais em consequência a medidas de restrição de atividades e distanciamento social do que do cenário econômico, avalia Cesário Nakamura, presidente da empresa de benefícios:

— O componente mais forte é o isolamento social. Os restaurantes estão operando com capacidade reduzida. Há empresas e usuários que migraram do benefício refeição para o de alimentação. E há um contingente de 8,4 milhões de pessoas trabalhando em home office. São potenciais consumidores de restaurantes que estão em casa.

O número de transações feitas com cartão refeição em restaurantes em agosto recuou quase pela metade, ante agosto do ano passado, em 47,8%. A chave do recuo, continua Nakamura, está no movimento fraco. A base de restaurantes verificados encolheu apenas em 5,1%.

O entendimento de que o componente social pesa mais que o da crise econômica, diz o executivo, fica claro em razão da queda reduzida no caso dos supermercados.

Menos idas ao mercado, mas com compras maiores

O índice que mede o consumo no varejo de alimentos registrou recuo de 5,8% em agosto, enquanto o número de estabelecimentos que mantinham transações com cartão alimentação se manteve estável, com avanço de 0,4%.

Já o volume de pagamentos com o benefício nesses estabelecimentos — supermercados, quitandas e outros — encolheu em 15,6%. Efeito das pessoas estarem indo menos vezes ao mercado, mas gastando mais em cada uma delas. 

— Também vemos isso nos restaurantes porque as pessoas trocaram a compra individual, para o que era o almoço no intervalo do trabalho, por uma refeição para toda a família. Vemos que os resultados, de fato, variam conforme os níveis de distanciamento social em cada estado ou região — destaca Bruno Oliva, coordenador de pesquisas da Fipe. 

Entre as regiões do país, a Sul foi a com maior recuo no consumo em restaurantes no mês, de 30,3%. Quem menos sofreu foi o Norte, onde houve queda de 16,4%, enquanto o Sudeste ficou no meio do caminho, com -26,6%.

No recorte pelos estados, o Piauí levou o maior tombo, de -48,5%. O menor foi o registrado no Amapá, de -2,9%. O Rio de Janeiro viu o consumo em restaurantes encolher em 30,2% em agosto.

A tendência é que esse cenário persista ao menos até o fim do ano.

— A recuperação será gradual. E pode oscilar se houver necessidade de recuar em medidas de regramento das atividades do comércio. E não se pode esperar lotação, isso representa riscos excessivos para os consumidores e os trabalhadores desses setores — destaca Nakamura. 

Os restaurantes que mais sofrem são os que estão próximos a núcleos comerciais mais movimentados e focados em almoço para quem trabalha naquela localidade, diz o presidente da Alelo. Há casos em que o consumo caiu em mais de 90%.


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